Objetivo do estudo
A cadeia sucroalcooleira tem significativa importância na região nordeste e vem passando por um processo de reestruturação nos últimos anos. O elo de fornecimento se mostra como aquele que tende a apresentar maiores desafios. Com base nestas alusões surge o seguinte questionamento: como se configura o elo de fornecimento da cadeia sucroalcooleira da região da mata norte de Pernambuco? Desse modo, o objetivo desta pesquisa foi compreender como se configura o fornecimento de cana de açúcar na região da Mata Norte de Pernambuco. Para tanto, postulou-se como objetivos específicos: a) entender a percepção dos fornecedores sobre a atuação do governo e das associações sindicais; e b) compreender a percepção dos fornecedores acerca da atuação de cooperativas na gestão das usinas.
Relevância/originalidade
Tendo em vista a grande importância da indústria da cana para a economia nordestina, tornar possível o desenvolvimento dos fornecedores será um grande passo para o setor. Os estudos sobre a necessidade de melhoramento contínuo no elo de fornecimento na cadeia de suprimentos das usinas açucareiras se fazem necessários para que sua importância seja salientada e notada na realidade prática.
Metodologia/abordagem
A base metodológica foi a pesquisa qualitativa básica. Os instrumentos de coleta de dados utilizados foram observação e entrevista. As observações aconteceram no engenho Panorama. O momento de realização da pesquisa coincidiu com o período de plantio da cana e permitiu que os fornecedores fossem observados dentro de suas plantações. Estas observações geraram notas de campo que foram digitadas em documento do word, ocasião em que puderam ser acrescentadas informações detalhadas, para posterior análise. O roteiro de entrevista foi constituído por questões abertas, as quais possibilitaram uma discussão sobre o mercado atual de comercialização da cana de açúcar, bem como, sobre as dificuldades encontradas pelos fornecedores deste produto na região da Mata Norte. Foram entrevistados 11 fornecedores das Usinas Olho D’Agua, Cruangi e Laranjeira. Após a realização das entrevistas os dados de áudios foram transcritos em texto para dar base a análise.
Principais resultados
A análise dos dados mostrou que a configuração do elo de fornecimento de cana de açúcar se subdividiu em quatro construtos: condições do setor sucroalcooleiro na Mata Norte: Atuar no setor sucroalcooleiro em Pernambuco mostra-se uma tarefa dificultosa, principalmente para o pequeno produtor que por vezes, enfrenta grandes problemas em sua produção; percepção dos fornecedores sobre o governo e associações sindicais: O descontentamento com o desempenho do governo em relação ao setor foi de opinião unanime entre os fornecedores, devido, sobremaneira, ao corte de subsídios; diferentes visões entre pequeno e grande produtor: os pequenos e grandes produtores tem visões diferentes sobre o setor, enquanto este está bastante preocupado com a qualidade da cana e sobre como ela vem caindo ao longo dos anos, aqueles estão mais preocupados com a falta de incentivo e as dificuldades encontradas no transporte; e Percepção dos fornecedores acerca do desempenho da Cooperativa: a maioria mostraram-se bastante agradecidos, pois, sem a usina Cruangi em funcionamento, boa parte dos pequenos produtores da região ficaram sem ter para quem vender a cana de açúcar.
Contribuições teóricas/metodológicas
O elo de suprimentos não costuma ser enfocado em muitos estudos, sobretudo, naqueles relativos a cadeia sucroalcooleira, sendo o foco voltado para produção e resíduos. Desse modo, este trabalho traz a ênfase para um elo importante da cadeia e sobre o papel de pequenos produtores.
Contribuições sociais/para a gestão
Os dados mostraram que o elo de fornecimento de cana de açúcar passa por grandes dificuldades. Os pequenos produtores têm uma realidade bem difícil, pois manter a produção gera custos que eles não conseguem subsidiar. O poder exercido pelas usinas pode afetar o setor, visto que os fornecedores, por falta de opções, precisam se moldar a cadeia. É importante entender melhor esse elo porque muitas das pessoas da região tiram seu sustento desta cadeia e que o fornecedor na maioria das situações tende a ser o laço fraco da relação.