Objetivo do estudo
O presente artigo teve como objetivo geral analisar uma metodologia de gerenciamento de projetos recém implementada em uma empresa do ramo automotivo. Quanto aos objetivos específicos, tencionou-se identificar a abordagem predominante empregada pela empresa no desenvolvimento de sua metodologia, e identificar as limitações quando comparada às melhores práticas das abordagens preditiva e iterativa de gestão de projetos.
Relevância/originalidade
A mudança do cenário industrial tem exigido a evolução das companhias em curtos espaços de tempo e com restrição orçamentária. Este cenário tem tornado “os projetos mais complexos, não determinísticos e difíceis de controlar sem um modelo formal de gerenciamento” (Almeida e Souza, 2016, p. 2). Neste novo ambiente, faz-se necessário que as organizações suportem seus projetos com metodologias estruturadas, as quais sejam capazes de lidar com adaptações de planejamento, sempre considerando os riscos promovidos pela incerteza.
Metodologia/abordagem
Para o presente estudo, optou-se pela abordagem qualitativa, de caráter descritivo. Dentre os métodos qualitativos, foi adotado o estudo de caso único. Como fonte de dados, foram utilizadas entrevistas em profundidade e documentos internos. Os dados coletados foram analisados seguindo a estratégia de proposições teóricas, uma vez que o projeto se baseou, presumivelmente, em questões de pesquisa provenientes de revisões da literatura sobre o assunto. As variáveis de análise estabelecidas se basearam no trabalho de Eder, Conforto, Amaral e Silva (2015).
Principais resultados
Os resultados indicaram que a empresa não emprega um método puramente preditivo ou iterativo, mas sim um híbrido que melhor se adequou ao ambiente em que está inserida. No entanto, ainda existe uma baixa estruturação do método híbrido e pouco conhecimento sobre como deve ser empregado. Para adotar práticas de ambas as abordagens e construir um método próprio, é necessário que a empresa saiba diferenciar as características fundamentais dessas abordagens e empregue as práticas que proporcionem dinamismo para os projetos e evolução para a organização.
Contribuições teóricas/metodológicas
A avaliação dos projetos A e B permitiu constatar que o hibridismo percebido na metodologia da empresa Alfa corrobora o referencial conceitual no que tange a inclinação das empresas para o desenvolvimento de métodos próprios de gestão de projetos (Baird e Riggins, 2012; Conforto et al., 2015; Silva e Melo, 2016).
No entanto, conforme descrevem Conforto et al. (2015), para que um modelo híbrido tenha sucesso em sua implementação é necessário profundo conhecimento de ambas abordagens e suas práticas. As observações dos autores em relação ao conhecimento prévio sobre as abordagens e suas respectivas práticas foram comprovadas com a análise dos projetos A e B, identificando quais foram as práticas adotadas e quais destas divergiram das principais referências (PMI®, 2017; Schwaber e Sutherland, 2017; Sutherland e Sutherland, 2019), configurando, assim, as limitações presentes na gestão dos projetos da empresa Alfa.
Contribuições sociais/para a gestão
Observou-se que o escritório de projetos demonstrou conhecimento das abordagens preditiva e iterativa de gestão de projetos quanto a construção de um método estruturado. Porém, as divergências encontradas na aplicação dessas práticas proporcionaram deficiências aos projetos relacionadas ao envolvimento das partes interessadas, assertividade na resolução do problema proposto e evolução do ritmo de trabalho do Time de Desenvolvimento. Nesse sentido, a identificação das referidas deficiências pode contribuir para a melhoria contínua dos processos de gestão de projetos da empresa investigada.